segunda-feira, novembro 16, 2009

o novo

meus olhos hoje viram o mundo.
viram descortinar-se as mil oportunidades do breve.

pois hoje
novamente tudo foi possível.
o novo como o escuro ainda é desconhecido,
ou o inevitável.

hoje as mãos surraram a porta em busca de respostas,
as mãos se calaram no vão,
ou foram caladas.
hoje talvez o grito na garganta,
um afago, um contento,
uma árvore germinando
trazendo como certos os frutos de alguma infância vã como toda infância.

o mundo de uma memória latente na semente,
um mundo eterno sem nada de novo.



é de dentro de mim que observo.
atento e imóvel.
do alto dessa torre branca desembaço seus vidros com os punhos.
logo vejo
o sol branco quase sem calor,
e as cores deitadas em pose de gozo.
os baldes vários saturados de velhice e amarelo.
as mãozinhas gordas, macias,
e famintas.
os sorrisos nus,
os olhos molhados da emoção,
queimados de impulso,
petrificados em vida.
vejo claramente como quem deslumbra,
o homem herói,
hercúleo pai de todos nós,
dançando par com a amoreira.
o sol atravessa as folhas - antevejo
as mãos ansiosas,
olhares de assombro diante da inexorável força de vida.
os baldinhos enchendo-se da tinta escura da amora,
os sorrisos enchendo-se da tinta escura da amora,
o instante roxo,
infinito
até que os olhos novamente se encham de púrpura.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Cris disse...

Você é um monstro.