segunda-feira, fevereiro 01, 2010

tumbum

o dia estava quente, talvez fosse noite embora. entretanto acho que não era, não estava bêbada, tampouco sóbria. as ruas tem um jeito engraçado de ser nesses dias, fluxos, como-que esquemas, algo do inconsciente, ou de fluído, algo de alquimia, de escrita como-chama mecânica dos surrealistas. automática.

então ela escolheu um cd bem bonito que fazia a trilha daquelas esquinas e ela sentia que fumava cigarros na sua janela a muito tempo atrás enquanto ouvia nina simone e era bom, sentindo que vivia.

tentava ignorar as gotas de suor que se formavam por seu corpo todo, tentava abrir a janela e sentir o vento na nuca, tentando não se preocupar com o hábito de velhos que recém adquiria de achar que brisas são a parte fácil da bronquite.

estava devaneando e sabia que devia se ater a direção. quando perdia o pensamento, digressões do pensamento, podia ser como um canário amarelo que voava distraidamente. um travelling.travelling que era o código da distração, da perda de objeto. travelling que era andar de carro. camera-car.

um palio preto quase raspou no seu retrovisor. às vezes pensava que no trânsito a lei da trave não respondia a porcentagens corretas. a fortuna roubava pra ela. e ela sempre batia na trave. ao menos que fosse gol, e ela tivesse de por os rabos entre as pernas para explicar para seu pai, dono do carro e do dinheiro e da autonomia, que o carro a atacou, que as máquinas a faziam refém. que imprudência, imperícia, não lhe eram palavras caras.

passou num cruzamento na base do quase. como todos os dias que assim difícil.

ouviu o barulho da batida. como uma sombra por sob seu ombro. como um sussurro no seu ouvido.

as casas nessa parte do bairro lhe pareciam tão agradáveis. pensava em por o seu plano em prática: apostando ser agradável bateria numa dessas portas coloridas se oferecendo uma xícara de chá. talvez a pessoa topasse, sendo de sagitário ou impulsiva. talvez fosse uma avó que lhe contaria histórias. um homem solitário e mala, que nunca mais se calaria. uma mulher linda e perversa.

fazia barulho de rodas apressadas, barulho longe de sirene. na rua tranqüila quase nada. nenhuma sirene, nenhum nada assim.

continuou andando, agora era mais fácil ser perdida. o caminho era uma reta para casa, poucos carros, cruzamentos, chances, horrores.

ouviu um barulho baixo, o coração batendo.

Imaginou. e então teve certeza. na esquina de sombra e distração batera o carro com tudo. a batida fez com que ficasse inconsciente. agora a caminho do hospital o único contato que tinha com a realidade era através do som. ruídos baixos e confusos penetrando sua mente, como nos sonhos. morreria sonhando essa realidade inventada. tranqüilidade inventada.

entrou na garagem quase raspando e pensou uma última vez antes de entrar no elevador: essas digressões não lhe faziam bem.

Um comentário:

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