quarta-feira, fevereiro 27, 2013

after leminski

naquela noite indecente
em que você baixou o pano
e inventou na musica
o azul, no gim
a solidão
e na solidão
a ausência completa de mim.

naquela noite indedente,
longa noite,
você inventou a morte
no lampejo de carinho
aceso
mesmo nas noites sem lua.

tantas coisas que você inventou,
e eu continuei cantando a musica,
como um samba enredo
que inventa para si mesmo
que o carnaval não acaba.

tantas coisas que inventou, que inventei, que inventamos.
e no final sobrou quase nada,
esse ar que vem da janela,
esse pó, essa cinza,
melhores num poema,
do que numa raiva.


4 comentários:

aninha disse...

"Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima." leminski

selene disse...

fazia tempo que não vinha aqui. bonito como sempre, com ou sem lua. saudade!

Jaques disse...

Depois do gim
É bom pra tonica
Mas ruim pro rim.

Ana Roman disse...

você que inventou o azul
no gim. e na solidão
a ausencia completa de mim.