terça-feira, junho 27, 2006
ondas alpha
todos os segundos escorrendo pela memória, não os sei - eles não me sabem. esses instantes todos construídos na solidão absoluta de todo homem, não me parecem nem exatos, nem reais. deles, os que se salvam, são muito poucos. como andar na praia até amanhecer comentando infâncias nunca antes trazidas a esse meio fio de vida (esquecidas nos cantos obscuros da memória). surreal como o resto, no entanto, tenho uma certa impressão de que por vagos momentos, a alma não era só minha, e sim, podia ser dividida. digo isso pois o decorei, sei de cor o instante, mas ele não existe. - existiu? - possível, mas já não há mais provas concretas. pura ilusão toda idéia de construção, afetam-me apenas a influência espectral dos instantes somados, mas reduzidos ao passado. dos amores que tive ou não tive, das amizades: sombras e marcas d'água. só o é em um instante, na possibilidade do presente (pois ele também não existe). vagas construções, as sensações são a única prova de que há vida. sinto o instante no prazer. no instante sinto prazer, nem antes, nem depois, apenas no vislumbre do segundo.
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2 comentários:
olha, eu gosto muito dessas suas prosas livres... mto bom. let
não precisavam ser alpha estas ondas, que soam a mar mesmo, porque a memória é antes de tudo marítima: a recordação exige mesmo a paragem num cais. vagas construções, as sensações, mas antes de tudo vagas, porque erguem-se do mar não como o que não é claro, mas como Vaga, mordedura de sinos.
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