quinta-feira, julho 13, 2006

panis et circenses

o espetáculo começou tão logo saí do elevador. os poros invadidos por aquela música clássica altíssima. era estonteante, tanto, que pra decifrar esses sinais demorei um certo tempo, "um vizinho ensaiando violino", cheguei a pensar no segundo que passou. é claro que seria constante a hiperbole, dois passos adiante a porta semi aberta num convite nu - já abria um sorriso de orelha à orelha. como um estrangeiro acima do peso passava pelas roupas jogadas ao chão, e os violinos a me martelar os passos, as roupas e os maltratos. um lustre de mil peças de cristais, estatelado em cima da mesa. entro na cozinha. seios. é tudo o que vejo. seios. e então o resto do panorama vai se acostumando, rostos, vejo seios, digo, rostos. três na mesa. o primeiro é o famoso intelectualóide, com sua fala mansa, e os milhares de livros lidos (e as milhares de freakies comidas). o outro é um viado, lindo como o primeiro, o cabelo preto cintilando na luz da tarde, o meio dedo que falta, e logo abaixo o graaande anel dourado cafetão dos anos 70. e finalmente a dona dos seios, linda também (que originalidade hein), a axila mal feita, e o colar de pérolas. -persisto nessa pobre descrição estilo neo eça de queiroz, por isso, minhas desculpas.- sobre a mesa ovas laranjas de peixe, e café. emblemático. é uma maravilha.

4 comentários:

Anônimo disse...

Adorei sua veia neo Eça de Queiroz. Eça com letra maiúscula.

aninha disse...

você esquecer de se identificar bicho

Anônimo disse...

Precisava? Sou só um leitor eventual e anônimo...
Eu me chamo John.

aninha disse...

ah! que máximo!
saudades (se for o john certo)