quinta-feira, novembro 30, 2006

prisma

Eu sou o labirinto.
Eu sou as milhares de veredas que não levam a lugar algum.
Eu sou cada caminho que além de suas curvas guarda novas promessas.
Eu sou o medo, de nunca chegar a nenhuma parte.
Eu sou o fim no meu próprio cerne,
e tenho nesse fim a morte.
Eu tenho a alma desvairada,
que sobe pelas paredes com as unhas mal cortadas.
Eu tenho a alma perdida,
que calma vaga por essas brumas.
Eu tenho para cada passo em vão um sonho perdido.
Tenho a indigestão do ócio,
a amargura do tédio,
e as cólicas da solidão.
São todas minhas as esquinas perdidas pelos reflexos.

Mas não,
não sou nada.
Nem Fernando, nem pessoa.
Não ouso ser nada.
Não ouso ter nada.
Além do labirinto,
nessas curvas miseráveis.
Não há nada além disso,
nem uma migalha, não há um resto,
sequer,
que deforme o labirinto nos espelhos.

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