terça-feira, abril 10, 2007

caminho

escapa-me um suspiro, eis que ergo-me viva perante olhos que olham para fora. então onde estou? para que ângulos e dobras olham esses olhos? ouço ecos. onde estou? pergunto-me tateando portas e fluxos. serei o ser que se forma das sombras, dos delírios?
outro suspiro sai à fonte. como os minutos que levam um pensamento. exatamente como eles, insuspeitos, embora se percam com a menor desatenção. estou atrás desses olhos. firmo-me atrás desses suspiros. me admito. pois sim, fui eu. quem irá elevar a voz perante esses descuidos? se meu crime não passa da admissão dos teus. pois levo como arma, e apenas isso, um meio sorriso. é que então vou aprendendo esse ser. enquanto inundo-me, o tempo passa sob o meu corpo. ou talvez seja o contrário, o tempo convencendo tudo ao infinito. não saberei, ainda não. embora persista, evito pisar em falso. e por enquanto basta. possuo algumas dessas verdades, talvez sejam delas a cal dos meus passos. sobretudo quando minto e ardem feridas abertas nas costas. há tudo o que imagino ser, imaginando apenas pois há medo. e por fim, há o amor, e acima de tudo é o amor que admito. e então ser torna-se sentir, que torna-se saber. e então sinto que passos caiados, que nuvens, que sonhos, delírios, tem a latência delicada dos traços brancos do ópio. e que sorrisos deixam de ser armas.

Um comentário:

aninha disse...

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