sexta-feira, abril 13, 2007

dentro da vista

espera um instante, eu tô lembrando o que eu queria falar. olha, não briga comigo não, já tá vindo. é uma palavra com gosto metálico, faz anos que me esqueci. ou será que nunca soube? ou será que sempre soube. ela me vem a garganta, sinto com uma dor de regorgito. ponho todo meu esforço nisso, e até me cansa. não posso olhar, o olhar desvia. acho que é uma ordem, não quero me perder. acho que é um intuir. como uma tênia que vai percorrendo o corpo e não a acho. adivinho-a, tateio-me, e ela acha que me engana. mas tenho certeza dela. dela é o meu vazio. dela estou aqui. dela sou. não. não quero chorar, mas acho que descobri. acho que isso que foge de mim pelo meu corpo, que quase me escapa pela garganta.... será que é alma? agora estou com medo. estou sozinha, antes mesmo porque estou e depois porque, talvez, tenha alma. a palavra agora foi. se perdeu completamente. ou de repente a alma foi dormir na casa do cachorro. esse meu medo atrás do ouvido... será? agora não preciso de abraço, nada. escovar os dentes, os musgos dos dentes, o medo dos dentes. vou escovar os dentes e vou dormir.

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