quinta-feira, setembro 25, 2008

quário

então era assim que eu te via dentro de mim.
no escuro de uma noite qualquer via-te andando de braços dados com o abismo, abrindo bem a boca, ver se dava pra beber água da chuva.
era assim, você decidia se entregar pra qualquer abismo, e eu bem não sei o quanto disso valia, o quanto disso era válido naquela equação esquizofrênica que eu desenhei pra vida.
sei que nela você não cabia.
não cabia mais.
um dia coube, mas então era eu quem não cabia.
aí eu parti pro mundo e você escapuliu.
saiu, era outra, nunca foi, nunca reconheci.
mas daí os abismos.
agora vem me explicar porque.
sabe o que (e grito com ódio bem em cima da sua cara,
com a raiva contida que você conhece, como mais uma das coisas que você conhece e que eu finjo que não, só pra te maltratar, pôr seu pé pra fora desse círculo que desenhei com giz, escorpião e fogo, alegria).
é que nessas horas eu posso ser você e você pode ser eu,
de tanto diferentes parecidas que somos.
de tanto que não nos pertencemos mesmo.
você perdeu o coração na guerra,
e eu perdi a guerra.
escuta, você me inspira,
muitas vezes na vida.
e eu gosto muito de você,
e talvez um dia, inclusive, admita.

Um comentário:

Anônimo disse...

as vezes leio as coisas que vc escreve e choro

beijo, te amo