quinta-feira, janeiro 28, 2010

lar

Eu vi a mudança,
entendi como aquela aparência frágil de lar se constituia.
Eu vi os homens passando,
e senti o cheio forte deles.

Eles eram pais, filhos, maridos, namorados.
Eles trocavam as lâmpadas,
consertavam, seguravam, trocavam.
Eram Homens.

Eu vi tudo isso acontecendo.

Sei do começo o que permaneceu.
Eu vi o seu rosto,
de alegria e orgulho,
por compor em um espaço em branco uma improvável melodia
de segurança aconchego afeto.

A casa é a mesma,
mas há suas faces.
Há os animais que ela abriga,
os personagens que por ela passam.

Os amigos,
as noites embebidas de álcool.
O gozo alto,
as brigas.

A tudo isso eu assisti.

Hoje, cansada, eu me guardo sob suas paredes,
ausculto suas paredes.
Escuto um barulho baixo,
um rumor,
um pulso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isso que dá olhar além das paredes, nos sulcos das entranhas... Ainda bem que pode-se velar e revelar verdades...
Esquecida