sexta-feira, abril 01, 2011

junio barreto

Consta nos teus manuais com marcas de dedos sujos de lama ou café. Nos anais correntes do ano de 1984. A camisa cheirando a cerveja. Os olhinhos brilhando. Na rua brincando o carnaval. Embaixo do colarinho as bolinhas coloridas de papel. Ô meu nego, não me finja que são estrelas. Não venha com seus beijos estalados nas pontas dos dedos. A concha do mar relincha o barulho das ondas e denúncia a crua diferença entre a lábia e o amor. Ô meu nego, esse seu cheiro grave de touro. Depois do banho vira bicho manso. Eu te gosto sujo, cheio de areia, áspero e inteiro. Grosso. Sua voz cheira bem, seu corpo cheira forte. Não volte mais assim, tão pouco meu, no cheiro desgosto da vida. Mas se chegar, não esquece de me chamar.

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