segunda-feira, abril 11, 2011

orvalho

Eu quis tanto te dar esse envelope pardo. Ocaso rubro e azul, em cada pelo anoitecido num quarto que se põe. Eu quis te dar esse gosto estranho de dois corpos que passam da ebriedade à exaustão no hiato de um gozo. A sílaba estranha palpitando na boca de um estranho adquirido numa esquina qualquer. Eu quis me inflar de vida como um balão vermelho e te passar o cordão, ansiosa com o que você faria com a minha vida. Depois de aprender tanto o valor da liberdade e da autonomia, quis me perder em você, promessas e bons dias. O gosto da erva, do gim, da manhã e do mar.
Eu quis cozinhar, e quis beber. Quis encher de cores a parede ainda branca de um desencontro. Eu quis tanto e pude tão pouco.
Agora o som dos meus passos chacoalha no asfalto e me lembra, que mesmo depois da parede vazia, ainda resta algo. Simples, ralo. Alguma melodia.

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