sexta-feira, maio 27, 2011

mirko

uma vez eu conheci um menino cigano.

os seus olhos eram bestas-feras
e fugiam com asco do meu crivo forte.
o seu cheiro desprendia das pregas da roupa vermelha,
o seu perfume arisco
de suor e cerveja.

perguntei com voz grave dos seus pais,
e ele me fitou em silêncio.
eu passei as mãos em sua ferida aberta,
ele tomou o braço só para si.

eu quis passar meus dedos por seus cabelos negros e sujos.
dizer não se preocupe,
querido menino ébrio.
mas ele me olhou profundo olho
deixando-me quieta em toda minha tolice.

ele já se salvara da loucura,
agora deveria restar apenas solidão
música,
talvez azar,
talvez sorte.

Nenhum comentário: