mas que coisa mais linda ver as duas dançando,
vermelhos e azuis intermitentes,
como luzes que se apagam.
uma se foi na metade,
a outra me deixou na esquina,
e eu logo senti umas saudades.
saudade grande, saudade boa.
é coisa de guardar no peito,
essas duas aí.
segunda-feira, dezembro 25, 2006
domingo, dezembro 24, 2006
celibato bicho
turva água que irrompe desses olhos,
libertando vontades de outros carnavais.
jaz, assim como plena, também fugaz,
refletida na retina. apenas.
eu não quero eles,
e não quero elas.
anseio pela mais absoluta abstração,
abnegação de defeitos,
de charmes, e medos.
faço desse meu eleito.
libertando vontades de outros carnavais.
jaz, assim como plena, também fugaz,
refletida na retina. apenas.
eu não quero eles,
e não quero elas.
anseio pela mais absoluta abstração,
abnegação de defeitos,
de charmes, e medos.
faço desse meu eleito.
exercício bilac-an(us)
há o mal que me faz tu.
se escondes no breu,
essa outra, não eu,
és cruel e nefasto.
calor que dependo,
pensado e então dito,
distante e maldito,
acaba que sendo.
se já não aceitas,
os intentos lindos,
que entrego em sua mão,
as juras mal-feitas,
ou beijos bem vindos,
como ato simplório, que jogas ao chão.
se escondes no breu,
essa outra, não eu,
és cruel e nefasto.
calor que dependo,
pensado e então dito,
distante e maldito,
acaba que sendo.
se já não aceitas,
os intentos lindos,
que entrego em sua mão,
as juras mal-feitas,
ou beijos bem vindos,
como ato simplório, que jogas ao chão.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
vamos beber um vinho?
o dia inteiro desamparado. mas já não podia beber, não podia sequer reagir com um sorriso, ou meio. surto mudo. invadiu seu próprio útero, alcançou o som da luz, quis fazer do sim, talvez. interrompeu o tempo vendo o céu.
era o monstro novo que tinha nas visceras. angústia que quando se mexe causa enxaquecas e hemorragias.
entrou correndo no quarto, balançava os cabelos como um lunático, pôs os tambores africanos sintetizados, e dançou toda cegueira.
cortou os cabelos com as mãos nuas de calos.
(medo do depois de desconstruir todas personas)
desespero bom de se tacar na janela.
era o monstro novo que tinha nas visceras. angústia que quando se mexe causa enxaquecas e hemorragias.
entrou correndo no quarto, balançava os cabelos como um lunático, pôs os tambores africanos sintetizados, e dançou toda cegueira.
cortou os cabelos com as mãos nuas de calos.
(medo do depois de desconstruir todas personas)
desespero bom de se tacar na janela.
have a good sleep
procurou o espelho com os olhos e achou repentinamente sua face, endurecida, mesmo que surpresa, como se anos houvessem passado em algum momento desde o passado. decidiu por ímpeto próprio transformar-se, corrigir suas fraquezas resgatando partes perdidas de si. mirou-se outra vez, dessa vez era um homem decidido, declamando suas dores pela sala, fazendo voar perdigotos por todos os cantos. terminou a fala como um cão em liberdade, um pássaro, talvez um gato. sabendo, ao menos por pouco, vislumbrar a própria liberdade. lia como um desvairado, em sua mente, as palavras que escrevera à anos, e que sobreviviam sem razão aparente no sotão de suas memórias.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
blue print
ainda sou a folha em branco,
e posso voar.
eu tenho a liberdade do domingo,
mundos sem formalidades.
na minha testa não imprimiram nada,
perua, solteira, vagamente ruiva,
psicóloga.
ainda me dão o direito
de finalmente ser eu.
o tempo pra mim é areia.
eu não pedi por nada disso.
não quero a responsabilidade de uma escolha que eu não fiz.
não quero um fardo que sequer é meu.
tô pensando em trancar a puc
e posso voar.
eu tenho a liberdade do domingo,
mundos sem formalidades.
na minha testa não imprimiram nada,
perua, solteira, vagamente ruiva,
psicóloga.
ainda me dão o direito
de finalmente ser eu.
o tempo pra mim é areia.
eu não pedi por nada disso.
não quero a responsabilidade de uma escolha que eu não fiz.
não quero um fardo que sequer é meu.
tô pensando em trancar a puc
quarta-feira, dezembro 20, 2006
reprise metrificada mais bilac
o sol azulejar o dia,
nos passos dispersos e livres,
vem me fazer companhia,
além do teu útero,
macio e leve.
apesar de toda tristeza,
me escorre puro assim - belo,
pelos poros que além de tudo meus,
também tem sua beleza.
beijos enfim na tua bochecha,
esparramando-se pelos teus restos,
chego em casa enquanto amanhece
e cessa o pensamento.
nos passos dispersos e livres,
vem me fazer companhia,
além do teu útero,
macio e leve.
apesar de toda tristeza,
me escorre puro assim - belo,
pelos poros que além de tudo meus,
também tem sua beleza.
beijos enfim na tua bochecha,
esparramando-se pelos teus restos,
chego em casa enquanto amanhece
e cessa o pensamento.
semi
cheiro os meus dedos, e sim, é um tema chato, mas eles cheiram a cigarros. é porque eu sinto falta de sentir alguma coisa. imagina só aquela velha história de realmente ficar feliz quando alguém chegar. velhas velhas histórias.
crazy.
li com certa dor, porque eu sei que de qualquer forma você não sabe se entregar, digo fenomenologicamente. que adianta você falar de mim? se pra você qualquer nome serve.
não que pra mim não sirva, e não que você não ame a todos. mas é como se fosse diferente. é igual, mas é diferente. pra mim eu me entrego na esperança que alguém possa entender. você tem medo. de qualquer maneira. e eu não sei quando você pode me entender. catzo.
todas as mulheres são malucas.
não que pra mim não sirva, e não que você não ame a todos. mas é como se fosse diferente. é igual, mas é diferente. pra mim eu me entrego na esperança que alguém possa entender. você tem medo. de qualquer maneira. e eu não sei quando você pode me entender. catzo.
todas as mulheres são malucas.
terça-feira, dezembro 19, 2006
mack the knife
seus olhos de anos estão vivos dentro de mim. me perseguem em cada canto que eu vou, e me deixam dormir em paz. quando eu rio, quando eu danço, quando eu nego, esses seus olhos estão dentro de mim. é porque eu vi eles vivos em outros tempos, e eu sei guardar segredos.
domingo, dezembro 17, 2006
ópio
esperava a brasa atingir por inteiro o cigarro, não queria aquela deformidade inadequada de quando não prestava a devida atenção aos fósforos. esperava levemente irritado, que era a forma que ultimamente esperava todas as coisas. cortando fárois vermelhos, perdendo amigos, comendo cru. finalmente queimava por igual e então ele se dedicava distraidamente a tragar todos os cinco minutos que tinha à mão. quando já não podia fumar sentia-se vazio, como poderia então acompanhar aquela noite linda, com tal música lúdica? sentia-se vazio, e dividia-se: abrir um vinho, acender outro cigarro, bater uma punheta. de fato não poderia ficar inerte ante a manifestação da qual era mero sujeito. até porque desaprendera a ser, como simples fato consumado. deitava na cama com o mesmo não sorriso dos últimos tempos (via sua própria face por outros olhos nessas horas - a cara séria, pálida, quieta), se o vissem poderiam até acreditar que era um dos tais homens honestos, porém, ele o sabia, qualquer charme extraído de sua feição era pura hipocrisia - aquilo tudo não passava de amargura. em cima do criado mudo repousava um salinger. era um pouco como se sentia. como um personagem de salinger. toneladas de melancolia mascarando um mar de situações mal resolvidas. ao menos isso admitia.
deitou e então quis fugir. pensou em morrer por poucos segundos. perdera o amor, perdera o sentido. como sempre nas horas do desespero tentou hipoteticamente achar um lugar em que poderia estar em paz. e como em todas as vezes, não encontrou. sempre soluções patéticas e temporárias. intermitentes euforias.
sentou-se perto da janela e acendeu outro cigarro. a paz de cinco minutos de um cigarro bem fumado. esse era o seu paraíso. o único que sua fé fraca conseguia alcançar. o vento bateu na sua cara, trouxe a fumaça pra dentro do quarto. e a única coisa que ele quis foi miseravelmente acreditar em deus. qualquer um que fosse.
deitou e então quis fugir. pensou em morrer por poucos segundos. perdera o amor, perdera o sentido. como sempre nas horas do desespero tentou hipoteticamente achar um lugar em que poderia estar em paz. e como em todas as vezes, não encontrou. sempre soluções patéticas e temporárias. intermitentes euforias.
sentou-se perto da janela e acendeu outro cigarro. a paz de cinco minutos de um cigarro bem fumado. esse era o seu paraíso. o único que sua fé fraca conseguia alcançar. o vento bateu na sua cara, trouxe a fumaça pra dentro do quarto. e a única coisa que ele quis foi miseravelmente acreditar em deus. qualquer um que fosse.
sábado, dezembro 16, 2006
molhar no mar
não me dê atenção ou te desprezo. não toque no meu cabelo, não faça carinhos no meu pescoço, corre o risco da minha dor cuspir na sua cara. se você vier mais uma vez falar da sua vidinha pequena, eu ainda não vou saber quem te perguntou. se você errar ou rir demais, sim, será inevitavelmente uma incompetência. e eu vou gritar e cuspir, e rir desesperadamente pra dissimular. porque no fim das contas, é coisa de se sentar numa viela escura sem medo de assalto e chorar, chorar, e deixar numa poça toda a amargura. e sair leve e nova.
sexta-feira, dezembro 15, 2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
privacidade é pra judeus
eu não gosto de me enganar..
não, eu espero que não...
eu não vou te enganar..
eu só quero fazer uma poesia bem bonita,
pra você poder beber com vinho,
pra você poder olhar com flores,
ou comer no meio da salada..
eu sempre espero que você não se chateie,
com tanto dadaísmo..
mas todo mundo sempre se chateia,
e eu mesmo me chate-ei
então estou sendo chata.
um pé no saco,
embora nenhuma de nós tenha um desses.
bagos, essa é uma boa palavra.
há muito mais do que isso.
do que a mediocridade que eu vejo.
só porque voce nãoo é uma pessoa medíocre.
e é por isso que eu nao vou te enganar.
não, eu espero que não............
não, eu espero que não...
eu não vou te enganar..
eu só quero fazer uma poesia bem bonita,
pra você poder beber com vinho,
pra você poder olhar com flores,
ou comer no meio da salada..
eu sempre espero que você não se chateie,
com tanto dadaísmo..
mas todo mundo sempre se chateia,
e eu mesmo me chate-ei
então estou sendo chata.
um pé no saco,
embora nenhuma de nós tenha um desses.
bagos, essa é uma boa palavra.
há muito mais do que isso.
do que a mediocridade que eu vejo.
só porque voce nãoo é uma pessoa medíocre.
e é por isso que eu nao vou te enganar.
não, eu espero que não............
aleatória
são traços de se encontrar que me trazem felicidade, melhor ainda um tipo de beatitude, espalhados pelo quarto. mamilos vinhos e charles mingus. se eu acender um fósforo e olhar meus olhos dentro do azul da chama, é que meus olhos são azuis, e de repente tudo é o samba que toca, e dá vontade de por vestido. to sambando baby, com as mãozinhas rídiculas em movimentos rídiculos, to valsando baby, como não danço, e como o faço sozinha. mas a música já mudou e agora não dá mais pra pensar nessa batida de violão. agora é tudo euforia bruta. chuva suor e cerveja.
sábado, dezembro 09, 2006
essa noite sonhei
primeiro puseram dois potes de sorvete de chocolate com pedacinhos de chocolate, calda de chocolate e licor - de chocolate. eu com o meu ímpeto comunista e controlador decidi ordenar as coisas, servindo por ordem de idade e sexo. qual não foi minha surpresa quando levada por forças ocultas a encerrar tal atividade, o Homem, um tipo magro e pálido, designado para substituir-me, serviu-se da última extração possível do sorvete e partiu, com uma nova mancha na camisa grande demais para ele. ao deparar-me com dois novos potes de sorvete, dessa vez de creme, e sem artifícios de caldas ou pedacinhos, fui levada por um ímpeto decidido de fuga, ao que fui me esconder em baixo das mesas grandes da copa. não deixando então de tornar lágrimas sujas, mesmo que pueris.
então freud disse pra tentar interpretar.... e o que eu acho de tudo isso é que........
sou adulta... é, adulta.. virei uma adulta amargurada porque nem ligam mais pro sabor de sorvete que eu acabo no prato.
então freud disse pra tentar interpretar.... e o que eu acho de tudo isso é que........
sou adulta... é, adulta.. virei uma adulta amargurada porque nem ligam mais pro sabor de sorvete que eu acabo no prato.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
quinta-feira, dezembro 07, 2006
exército
eu não sei exatamente o que me angustia tanto quando eu tento escrever.
se é porque eu sou realmente ruim,
ou se é o instinto perfeccionista.
se é porque eu sou realmente ruim,
ou se é o instinto perfeccionista.
terça-feira, dezembro 05, 2006
radioplex
carros passando
homens-passarinho,
putas se dando,
e eu..?
só existo de fininho.
então é que fico pensando,
e invento musas e poetas:
faço-os meus enquanto ando.
essas vidas que não são minhas,
se escrevem pelos meus delírios,
retratos vagos de traços e linhas,
anônimos por definição.
borrão inadequado,
por persistir nessa cidade lúcida,
mais de mil léguas cansadas,
mais um grito rouco na esquina.
e se é pouco,
o que deles sinto.
talvez tudo seja ainda,
é por isso que minto.
homens-passarinho,
putas se dando,
e eu..?
só existo de fininho.
então é que fico pensando,
e invento musas e poetas:
faço-os meus enquanto ando.
essas vidas que não são minhas,
se escrevem pelos meus delírios,
retratos vagos de traços e linhas,
anônimos por definição.
borrão inadequado,
por persistir nessa cidade lúcida,
mais de mil léguas cansadas,
mais um grito rouco na esquina.
e se é pouco,
o que deles sinto.
talvez tudo seja ainda,
é por isso que minto.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
atribuído
tive um filho nas últimas doze horas
era eu olhando para um espelho branco
brandas dores do parto
era um quadro
era um dorian gray
era um rococó neo expressionista
era o meu eu mais gay
pura descontrução
juba de leão ruiva vasta
e um resto que eu conhecia
achei bonito.
era eu olhando para um espelho branco
brandas dores do parto
era um quadro
era um dorian gray
era um rococó neo expressionista
era o meu eu mais gay
pura descontrução
juba de leão ruiva vasta
e um resto que eu conhecia
achei bonito.
bíblico
eu guardo meus clichês numa pasta furta cor, os tateio no escuro quando preciso de conforto.
(sobe um tom)
precisamente nas noites que transtorno vira obsessão, trazendo a insônia como um presente de mil verbos: como um bule de chá preto, como uma dor de estômago, como não ter um amor. são raros minutos de se mastigar a própria companhia, e a própria ausência. - ela não acreditou da penúltima vez que lhe disse (por mais que tenha me convencido do exato oposto), mas acreditou na última. e me deu um abraço de anos.
(sobe um tom)
precisamente nas noites que transtorno vira obsessão, trazendo a insônia como um presente de mil verbos: como um bule de chá preto, como uma dor de estômago, como não ter um amor. são raros minutos de se mastigar a própria companhia, e a própria ausência. - ela não acreditou da penúltima vez que lhe disse (por mais que tenha me convencido do exato oposto), mas acreditou na última. e me deu um abraço de anos.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
faz
é que eu esqueci de passar carmim
fazendo-me mulher
em vestidos rodados e flores
que eram só pra ti
fazendo das minhas linhas
vírgulas
sozinhas
para que possam ditar meu ritmo
é que quando mais preciso
as subtraio do meu gesto
e transformo a presença
em branca desnuda ausência
pois bem quando não me faço mulher
dessas que só choram as dores do parto
bem quando me faço em pedaços
é que de ti só resta
a branca desnuda ausência.
fazendo-me mulher
em vestidos rodados e flores
que eram só pra ti
fazendo das minhas linhas
vírgulas
sozinhas
para que possam ditar meu ritmo
é que quando mais preciso
as subtraio do meu gesto
e transformo a presença
em branca desnuda ausência
pois bem quando não me faço mulher
dessas que só choram as dores do parto
bem quando me faço em pedaços
é que de ti só resta
a branca desnuda ausência.
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