sexta-feira, maio 25, 2007

paúra

tá tão frio, e a cidade anda tão bonita. a rua tá cheia de pessoas com frio. não importa muito o que elas pensam, elas são o que elas são de qualquer maneira. pensamentos são só espaços brancos com desenhos. uma mulher de casaco roxo escova os dentes e com os olhos olhando pra dentro pensa em qualquer coisa. eu olho pra ela e eu vejo ela. basta olhar pra dentro.

faz uns dias que tem uma dor no peito que atesta que eu existo. minha hipocondria vigilante já tentou mil diagnósticos, de gases à botulismo. parti pra freud, pensei quais eram as pulsões que eu reprimia, em que buraco eu me metera. mas prefiro não pensar assim. eu sei que se a vida deixar de ser só esse empurra empurra, se escondendo nas entrelinhas para não tomar chuva, eu vou chorar. dor no peito de se encontrar sozinha.
sabe, cada dia mais eu penso que existir é isso, existir mais por inteiro, é achar-se sozinha.
eu me prendo às pessoas, às teorias, aos livros. ao mar. talvez tenha desaprendido a viver sozinha. a estar sozinha. eu sempre penso que uma música vai me salvar. o que eu tenho é medo.

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