quinta-feira, junho 26, 2008

acordar

acordou.
o mundo inteiro e o seu corpo,
um bando de sensações difusas.
começou aos poucos:
percebia, talvez tarde demais, ou cedo,
que o mundo era um
e ele era outro.
sentia os pés,
tão longe....
envoltos no segredo cruel do frio.
e as mãos metidas dentro das calças,
a procura de algum calor miserável.
então o mundo talvez se repartia entre coisas,
a mulher ao lado acabava no limite de sua pele,
(imaginava),
a luz já era tarefa mais difícil,
assim como a chuva,
embora uma vez ele tivesse escutado que a umidade das mulheres
se assemelha a chuva.
olhou para o espelho do banheiro
entrevisto pela porta aberta,
sorrateiramente,
e aquilo o localizara novamente,
num tempo e espaço bem preciso,
(espantava os sonhos como cachorros vadios).
ele sentia fome e dor na coxa esquerda,
existia,
existia,
tudo não parava de lhe dizer.
e no entanto,
assim também lhe eram os sonhos,
que tinham algo da morte.
e algo o afastava
(ligeiramente)
daquilo tudo.
algo como um protótipo magnético
que ocupasse o seu lugar,
e que na hora de voltar,
ele ficara como está:
flutuando em órbitas inseguras,
em volta do próprio umbigo.

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