quinta-feira, setembro 16, 2010

marinheiro das horas inteiras

antes não sabia se vinha a sensação - madeira escorrendo cheia de sulcos, cheiro de amora e fumaça. marrom e listrado azul e branco, ou se a emoção nostalgia como chá morno melancolia leve de dois cigarros alegria estúpida. por excesso de constrangimento dos outros decidira deixar o seu na porta de casa, usava azul listrado com branco na blusa e na calça, marinheiro das vagas, as horas, não as ondas. tinha uma estrela em cada olho e nas mãos um universo. tecia destinos com lã vermelha e previa as estações em copo d'gua.
era assim que sentia saudades, derradeiro e estúpido sentado na cozinha. abria e fechava os dedos e pensava, principalmente na estupidez que era pensar no sentir e ser. em volta dele tudo se modificava aos poucos, os olhos piscavam era dia ou era noite, os móveis dançavam como a provocar a exatidão da ciência.
ele não dava pelota para esse mundo outro. não era rei, mas também na barriga tinha mundo. e sabia que existiam os homens, as estrelas, a terra e o quarto último amigo, o acaso.
por isso ele usava listrado. por isso cada mar era uma surpresa, cada dia uma baleia.

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