quinta-feira, setembro 07, 2006

só companhia

contar os andares através do pequeno buraco do elevador o acalmava - não gostava de lugares fechados. em 52 segundos ansiosos pisou o chão seguro já esquecido de tudo o que era até ali, (afinal das contas não era caramujo nem nada). alcançou a rua com seu passo firme, o vento mexendo seu cabelo, tentando leva-lo de volta pra casa, os carros tentando cindir seu caminho - os homens e as mulheres do caminho.
tinha algum tipo de liberdade barata em andar só por essas ruas conhecidas, algo de fantástico na anonimidade de um olhar de soslaio pras bundas nas bancas de jornal. assim construía seus personagens, limpando maças na lapela, acendendo cigarros operários na contramão. de banderas almodovariano à orfão parisiense num quarteirão.
saiu dos seus sonhos como quem acorda, ao ver ao longe o vislumbre da menina. ainda contava os segundos para que ela o reconheçesse, os instantes em que ela ainda era ela mesma.

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