quarta-feira, março 25, 2009

no escuro

nasço no escuro todo dia.
nesse difícil parto da manhã
perco dentes
perco braços.

desprendo-me desse corpo usado
como quem acorda todas manhãs.

ando nu pela cidade
meus dedos estão enrugados
dos banhos tomados a noite.

mãos agarram meus calcanhares solitários.
não os conheço
e eles chamam meu nome.

não chamam meu nome.
chamam o nome.

o chamam e por se dirigirem a mim tomo-o como meu.

não tenho nome.
todas as manhãs nasço no escuro.

ando pela cidade com o vento.
meu corpo todo se inflama.
há dores e há perdas.
não há nome.

chamam-no
conclamam-no
durante o dia.

eu
sem a minha companhia
me desfaço.

Um comentário:

aninha disse...

e me despeço.