terça-feira, setembro 01, 2009

a porta

Ela me chamava de detrás da porta.
Ela que sabia meu nome, me chamava.
Ela que me amava clamava, atrás da porta.

O som da madeira é oco,
agasalhado.
A porta não deixa a temperatura passar,
protege o verão dentro da casa.

Também não a vejo atrás da porta,
se ela tem olhos claros,
modos escusos,
não sei.

Se ela rói as unhas ou gosta das nuvens,
isso tudo só posso perguntar.

A porta não abre,
a porta sem ferrolho,
e sem lado de lá.

A porta passagem
e também ausência.

A porta amor.
Mas amor sem oco,
mais eco.

Amor agasalhado sem porta,
só janela.

Um comentário:

Ana Roman disse...

ela que me amava, clarice.
atrás da porta.