segunda-feira, julho 12, 2010

anoitecer

Os nativos de Guruka deixavam espalhados pelas trilhas caules de uma planta que só eles conheciam, causando pequenos cortes, imperceptíveis, porém eficientes. Aqueles que tentavam desbravar seu território voltavam para as camas-leito enfermos, exaustos, como se a força vital que impulsionava sua vontade tivesse se extinguido completamente.
Para os nativos a tática funcionava diplomaticamente, atacava funcionalmente e com sutileza o âmago daqueles que vinham com más intenções. Para os desbravadores que desconheciam os poderes daquele conhecer, o estado lânguido de seus feridos era cheio de um apelo mítico e escuro.
Ao anoitecer, ambos se respeitavam, e deitados nos acampamentos, casas, cabanas, ou mesmo ao relento, ouviam o pulso da terra bater. Embora a costa fosse distante em muitos quilômetros, o ir e vir do mar os acalentava, e eles dormiam gratos, com o brilho vivo de quem se integra à própria pequenez.

Um comentário:

Anônimo disse...

eledá