quinta-feira, julho 01, 2010

viúvo

O dia amanhecia café-com-pão,
e aquela casa grande não se espreguiçava.
Todos os passos dele pela casa ecoavam
repetidos os anos,
assombração de si mesmo cravado em virgem.
No cerne do tédio ele via tv e fazia nós nos fios do cobertor.

Atirava nos gatos,
mas apenas por amor desmedido aos passarinhos.

Por não ter mais nada a que se ater
virou um balbuciar constante
de presentes confundidos.

Ela chegava quando ele já dormia.
Ia na sala, se sentava brevemente.
Tirava todos os nós dos fios do cobertor,
e ia embora sem sombras.

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