segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Paulo

no mais triste do dia dele chegava ansiosamente a caixa de correios com sede de notícias. era uma forma de neurose que agia paralelamente ao mundo, fato que se comprovava pela ausência total de cartas nos últimos meses.
Paulo era o nome do sujeito. uns bem vividos 23 anos. uma barba mentirosa sendo cultivada nos maxilares.
tinha mania de dobrar as páginas dos livros que já tinha lido, e de usar a mesma faca para tudo, contrariava os hábitos que vinham da razão, e sobrevivia a seu tédio inventando obstáculos.
por exemplo,
toda manhã tinha que fazer uma xícara e meia exatas de café.
queimar as bordas do pão na torradeira,
e ler os horóscopos do jornal.
Quase nunca tinha bom humor o suficiente pra queimar alguma dessas etapas, economizando tempo e tédio.
Se eu tivesse que reduzir Paulo a uma frase, eu diria que ele é um daqueles sujeitos cuja maior diversão é se irritar com cada dobra mal passada desse mundo.

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