quinta-feira, fevereiro 19, 2009

som

mão tédio pasto.
pega sua mão engordurada e imanta o meu peito.
suga todo defeito de querer agir sem medo.
deixo de ser
viro.
um litro de coisa seca e sussurro seu nome
em vão.
esqueço das cordas das pontes das dores.
machuco-me na amplidão
sequer a toco.
o branco entra dentro dos meus olhos e me tira
o ar que é água
suspiro.
rochas imensas afundam na praia.
deito-me as costas ardem da aspereza das pedras.
deito-me no sol com os olhos cerrados.
deito-me da solidão invertida de um corpo quase nu.

acaricio sem tocar essas belezas.
sem ver pouco imaginar.
só ser.

ouço o mar
o mar que me vem dar beijos
nas pontas dos dedos.

tenho medo do tamanho do mundo me engulir.
sou pequena e sou mundo.
sou energia suspensa em pausa no centro do mundo.

dessa vontade de chorar não durmo nem falo.
tento alcançar sua mão num silêncio
não basta.
não te digo nada.
pois não digo.
sou mundo.

aos cacos é esse exercício de se juntar.
separar-se juntando-se a paz que reina num caos reinante.
procuro tua mão.
tua mão sincera.

ela me dirá.
nada mais dirá.
eu não direi.
não sairá da minha boca som que não seja esse o da lua.

abraço o silêncio na fome de me encontrar.
e te perco.

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