segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Sônia

ajeitou os óculos já acostumados a ponta do nariz, e virou a segunda a direita.
Hoje o dia estava excepcionalmente quente, e seria adorável gritar Beatles enquanto seguia pro trabalho.
Fechou alguns carros desacostumados com seu jeito brusco de levar a vida, e pensou em beber uísque.
Queria dirigir com os olhos fechados de quem mergulha,
mas de repente se lembrou que era de olhos abertos que se ignoravam as coisas.

Tantas coisas existindo ali diante de seus braços. Tantas coisas.
Coisas que excluíra por distração.
Quem sabe amanhã prestaria atenção naquele mesmo homem, baixo, feio, vendendo produtos escusos sempre no mesmo lugar da mesma estrada.
Quem sabe não te dirá, e na verdade nada disso importa.
não importa o que ignoramos, o que não vimos, o que não digo.
importa o que digo, verdadeiramente,
embora aqui minta.
uma vez que não digo nada.

tiro o cinto de segurança e abro os olhos.

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