quinta-feira, setembro 10, 2009

pré

via, pois sim,
mas bem mais do cinza de quem sequer vê.
era ele ali quem cumprimentava,
chamava os nomes bons da parentada,
todos mortos e em fileiras,
prontos pro assovio e sua hora.

depois era a menina quem passava,
também dizia a benção,
politicando os caminhos de pedra cascalho areia pó e preguiça.

nas varandas esperavam o dia,
pois as cores do céu anunciavam,
naquele tempo,
o futuro - instância ainda cru do porvir.

o pó também participava da brincadeira do tempo,
agasalhando os móveis
e dando o que fazer ao tédio das mulheres amareladas.

ninguém ali tinha fome,
porque um dia todos combinaram de esquecer
e hoje vivem de esquecimento.

a vila obliviada subsiste do seu comércio,
trânsito incoberto de viver recordações.

Um comentário:

Rebecca Loise disse...

ai, ana-verde. m'emocionei. poevida da poesia isso aí.