quarta-feira, abril 21, 2010

gaveta

li palavras perdidas no tempo.
palavras que não souberam que tinham se perdido,
repentinamente encontradas
num ninho morno de tabaco e incenso.

soube ouvindo minha própria voz,
embora doce,
de mãos compridas e finas,
mãos claras
que desenhavam sem que se supusesse conhecer seus movimentos.
vi meninas eternizadas em mulheres
porque eram apenas suas,
num calor de autonomia e inocência.

vi meus olhos se perdendo continuamente nas órbitas,
repetindo erros em intensidades outras,
sem nunca se arrepender.

reconheci familiares nomes de amigos que ainda cercam.
homens, mulheres, um dia adultos,
sempre lúdicos, propensos.

vi desejos sucumbirem ao tempo.
sinceridades surpreendentes.
vi uma expectativa muda em gaveta,
uma idéia que se formava.

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