segunda-feira, maio 10, 2010

agora

vejo ela num retrato que não me diz respeito.
há algo que conheço,
algo que desconheço.

as pintas,
os cheiros.
as tatuagens com outros nomes.
tudo isso conheci.
na nossa cama,
no nosso lar.
foram coisas que decorei
no calor da hora e do afeto.

hoje ela diz palavras que eu não entendo,
também porque não quero.

ela vive uma vida outra,
cheia de cores e de coisas,
que não tenho vontade de ser e ter.

sinto falta porque dentro do peito ainda há algo dela,
algum cheiro que passa dentro de uma história.
um sonho que se repete todas as terças.

mas quando eu vejo o seu rosto,
há algo que eu conheço
e algo que eu desconheço.

há um rosto
que é o mesmo de um passado que conheço
e de um presente que desconheço.
mas que principalmente não me diz respeito.

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