quarta-feira, maio 26, 2010

pequena

as emoções não são gostos na boca.
por mais que insistam os medíocres poetas,
como eu,
a tristeza não é azul, nem amarga, nem bolor.

talvez seja,
na melhor das hipóteses,
um gosto salgado em baixo da língua.

hoje quando conversamos
nada foi poético,
marítimo, circular.

os olhos da música e da literatura
viram nas mãos só os dedos vazios,
se mexendo vãos.
não viram rios no nosso olhar,
mas lágrimas secas por culpa do calor.

nem o ritmo doce das palavras
achou motivo em nos ver brigando.
é inútil brigar
disse a voz segura daquele que ampara e escreve.
Entretanto o afeto não precisou das cores e nomes da literatura.
Te viu partir e te acompanhou com o olhar e com o peso.
Foi o abraço rente que eu não soube dar.