Cruza a estrada sem medo,
e quando viu passou o buraco sem parar.
Mas não se assustou:
pra se passar buracos é melhor ir devagar,
ou muito rápido.
Agora olho o retrovisor e miro os contornos perdidos.
Desconhecidos Sorrisos e bichos.
Um tigre de bengala se espreguiça em outras áfricas,
pessoas bebem e só ouço o som de suas inúteis conversas.
Nódoas tingem a tarde desse acontecimento:
são as coisas deixadas pelo caminho.
Um solavanco me traz a realidade presente e defunta.
Deixar esse lugar para sempre me deixa um pouco triste.
É olhar pelo retrovisor que revela essa tristeza.
Sentir falta dessa fauna antigamente nova.
Mas o fusca vira outra curva e não enxergo mais nada.
Olho para frente para não descarrilhar e um deserto vermelho se deita.
É o resto da vida,
que começa imediata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário