segunda-feira, julho 13, 2009

sol

o homem de gravata parecia me conhecer, ou simplesmente saber não conhecer ninguém, pois abriu o portão sem sinal visível de questionamento, embora eu não morasse em nenhuma daquelas casas amplas, deitadas sob o sol. o carro passou pela rua sem muitos objetivos, estendeu-se embaixo de uma janela a trinco, e desprezando toda a amizade recém feita com o porteiro pos se a buzinar sons do dessasossego.
o corpo negro e cinza em uma superfície lânguida e lisa nem sequer se mexia. estáticos os cabelos a sonhar. o ar parado de um quarto em que o sono não tem tempo de respirar.
no sol o carro movia-se em desespero. a menina ou o homem que dentro dele existiam puseram a tocar a campainha.
no cinza o corpo dormia,
resistindo aos apelos do sol.

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