domingo, dezembro 25, 2011
amor
judia
sábado, dezembro 24, 2011
cobra coral
sábado, dezembro 17, 2011
agora
quarta-feira, dezembro 14, 2011
escritasdesonhoshipocritas
sábado, dezembro 10, 2011
brisa estelar
segunda-feira, novembro 28, 2011
estática
terça-feira, novembro 22, 2011
simples
domingo, novembro 20, 2011
cor
quarta-feira, novembro 16, 2011
galho
madru
quinta-feira, novembro 10, 2011
primeira verdade
segunda-feira, novembro 07, 2011
depois
antes
segunda-feira, outubro 24, 2011
fiat lux
sem cais
segunda-feira, outubro 17, 2011
sincera
terça-feira, outubro 11, 2011
Casa 1
Invadiu o silencio com o barulho estupendo de uma porta estourando a sala. Entrou amparado em suas coxas troncos em movimento. Ali, onde todos se perdiam entre olhares que já não dizem mais nada. Ali, onde o silencio se instaurou como fala. Ele ousava gritar. Seus olhos vermelhos, e os braços, arrepio daqueles braços. Ali, onde eles se desenhavam com tintas vãs, corpos languidos se espreguiçando no chão, ervas antigas e sussurros. Ele em pé. Ele homem. Ele disse – a sala é minha. A primeira sala do mundo. E agora eu vou cavar o ralo, para que esse mar indócil possa escorrer.
segunda-feira, outubro 03, 2011
déjame decirte de ti
sexta-feira, setembro 30, 2011
sana
quinta-feira, setembro 29, 2011
O freio da língua
“O cloro ( grego khlorós, esverdeado ) ( 17 prótons e 17 elétrons ), encontrado em temperatura ambiente no estado gasoso. Gás extremamente tóxico e de odor irritante.”
Junto o indicador ao polegar. Contra a vontade armo arma em minha mão. Não sei de que tese é feito o seu tecido, imantado sobre minha pele. Esses olhos marrons escuros, claros, de cloro, vacinas e mantras. Minto que tento te retirar desse corpo meu, entre as unhas afiadas da mão pequena. Minto. Gostaria que você aumentasse de tamanho até cobrir meus olhos. Criasse braços galhos mil para me conter. Sentir o gosto amargo e doce da seiva escorrendo casca de árvore – a maturidade inverossímil.
Tenhas, todas as coisas que podes ser ou que planejo, sob ociosas retinas. EM silêncio, me darás a permissão para lançar mão do seu olhar para fomentar textos, cores, lagos profundos e outros planetas. O peixe escapando do rio, pulo cintilante, como se pudesse fugir da armadilha que é não dever morrer. O peixe escancarado, cruelmente cedido em farinha, limão e sol das três. O peixe vil, vingando-se em espinhos, a própria estrutura eletrocutada, hegelianas vontades. O peixe, imaginação, passagem em aberto.
Ceda-me fome, tingida de carvão e amarelo. Deixe-me rimar os acordes que saem leitosos dos meus dedos, com os seus passos estranhos. No vão do seu cabelo, fica o espaço do meu hálito. Somem as desordens dos segundos, e a ordem do minuto. Resta a conjugação do verbo: tu cloro, eu quero.
quinta-feira, setembro 15, 2011
aramaico
Eu queria escrever numa língua estranha.
como cantar uma melodia sem letra, só água.
como foto preto e branco e luz de amanhecer
como uma semente pode virar planta.
como um texto sem tema, só coisa.
ser sendo, só beleza,
nenhuma das estreitezas da palavra.
Nenhuma forma para limitar,
o que também foi maior do que meu corpo.
quarta-feira, setembro 14, 2011
declaração
Se você soubesse entrar no mar vestida, do lado de fora da sua porta. Se você pudesse abrir sua porta, e encontrar uma janela nua comendo vasos de flores. Se você pudesse achar a areia densa se formando para além do seu capacho. Se você pudesse abrir os olhos e me ver, sem que eu estivesse ali. Se você pudesse sentir o cheiro doce. O cheiro denso. O cheiro forte. Se você pudesse entrar nas ondas azuladas do cheiro, e ao final dos raios pudesse encontrar o corpo. Comer flores, sentir frutos. Se você pudesse.
Eu estaria te esperando.
terça-feira, setembro 13, 2011
música para você musicar
terça-feira, setembro 06, 2011
chão de estrelas
apnéia
terça-feira, agosto 30, 2011
quarta-feira, agosto 24, 2011
lodo
Afundam um centímetro a cada ano,
e do seu sorriso entreaberto e irônico,
vejo fumaça saindo.
Toco n'água com a ponta dos dedos,
minha língua sorve os restos adstringentes.
Cabelos cruzam meu olhar,
não posso me defender.
Tampouco frio, os mares enlodados são gelados,
simpáticos ao que se passa dentro daqueles corpos.
Passo os dedos entre os seios patéticos
e penso que deviam chamar melancolia, o que usualmente se chama mulher.
Vejo seus narizes de 15 anos marcados pelo uso contínuo do pó,
a carne descolando sincera de suas costas.
Tão frágeis as meninas mais violentas,
fragilmente violentadas,
tão loucas.
Como são poemas, ou poetas desvairados,
são como cachorros abandonados ou coléricos.
O reflexo do céu branco em seus olhos acredita alguma paz,
além mar, escuto seus rumores.
Invento no silêncio sussurrado que escuto:
para além desse pântano
um enorme planeta
onde elas possam desaguar.
Talvez seja plutão.
kino
sábado, agosto 20, 2011
tempo ancião tempo
quarta-feira, agosto 17, 2011
branca
água da palavra
tem gente que escreve para poder amar.
tem gente que ama para poder escrever.
tem gente que escreve para se sentir amado.
tem gente que ama para se sentir literatura.
tem gente que só ama depois de ler,
gente que escreve para alguém amar.
tem sexos que são
como que uma palavra.
tem gestos, reflexos,
amores projetos como que um conto.
tem gente que ama para contar.
e tem gente que ouvindo o amor escreve.
tem gente que ao mesmo ama para projetar o texto que amando escreve.
tem gente que preste.
e tenta mesmo assim
viver o presente do presente de tudo:
saber amar mudo.
neméia
costurei com as mãos uma canoa.
cacei o leão,
lambi as feridas de um deus morto.
tirei neméia das costas
e pus no mar.
essa noite
procurei no cheiro do vento
as direções negadas pelas estrelas
para chegar a sanga da praia de pedra.
a praia da selva.
lá o calor deitado por todas as coisas,
e a carne verde ficando vermelha
bananeira, manga, mim, mamão.
frutas maduras
inventando verão.
essa noite
tirei neméia das costas e pus no chão.
essa noite
cavei na minha carne o doce, o tenro e o alcóolico.
essa noite
uma fruta chamada leão.
domingo, agosto 14, 2011
sábado, agosto 13, 2011
todas as coisas que eu queria um dia.
segunda-feira, agosto 08, 2011
pianista não
domingo, agosto 07, 2011
praça
quinta-feira, agosto 04, 2011
quarta-feira, agosto 03, 2011
dia ruim
movimento
marcas marcadas
no porto
terça-feira, agosto 02, 2011
serindo
quarta-feira, julho 27, 2011
deserto
quarta-feira, julho 13, 2011
hortelã
segunda-feira, julho 11, 2011
sempre o mesmo
louca
domingo, julho 10, 2011
truques de facas
tietê
sábado, julho 09, 2011
i ching
enche a boca de farinha.
tinge cada estrela de carvão.
trás na boca a marca da fome,
e no estômago a invariável náusea.
perguntei ao velho magro o que fazer,
ele disse que era necessário que a casa caísse
para que eu pudesse me levantar.
a alma cabendo nas estreitezas
e larguras do corpo.
lar estrada
que só ao tato cabe saber.
as curvas contínuas e derradeiras
dos morros na estrada.
o sol nascendo nas beiradas,
por trás dos bicos de seio
a caminho de casa.